Uma definição comunal dos modos autistas de ser

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Modos autistas de ser são variantes neurológicas humanas que não podem ser entendidas sem o modelo social da deficiência.

Membros do movimento pelos direitos civis autistas adotam posicionamento sobre a neurodiversidade que contempla caleidoscópio de identidades, o qual interage com o caleidoscópio LGBTQIA+ ao reconhecer os traços autistas como variações naturais de motivações e modos de ser, isto é, modos de percepção, de sentimento, de pensamento, de cuidado, de locomoção, de interação, de relações e de comunicação dentro da espécie humana. Embora algumas pessoas autistas não recorram à fala para se comunicar, a maioria dos autistas não-falantes não têm deficiência intelectual.

Na língua Māori, a palavra para os modos de ser do autista é Takiwātanga, que significa “em seu próprio espaço e tempo”. Muitos autistas não nasceram em famílias autistas saudáveis. Nós devemos co-criar nossas famílias autistas em nosso próprio espaço e tempo. Em uma cultura saudável, crianças autistas são auxiliadas no processo de co-criação de famílias autistas únicas, mas, na nossa “civilização”, esse conhecimento cultural se perdeu e foi suprimido.

Pessoas autistas/autistas precisam assenhorar-se do rótulo da mesma forma que outras minorias descrevem suas experiências e definem suas identidades. A patologização de modos autistas de ser é um jogo social de poder que remove a agência das pessoas autistas. As estatísticas sobre suicídio e sobre nossa saúde mental são o resultado de discriminação, e não uma “característica” de ser autista.

Principais objetivos do movimento pelos direitos autistas incluem o seguinte:

  1. Liberação do paradigma da patologia construído socialmente
  2. Aceitação dos padrões de comportamento autistas
  3. Educação que ensine indivíduos  neurotípicos sobre a cognição autista e suas motivações, incluindo habilidades comunicativas para interagir com pares autistas; assim como educação que ensine indivíduos autistas sobre a cognição típica e suas motivações, incluindo habilidades comunicativas para interagir com pares neurotípicos
  4. Criação de redes sociais, eventos e organizações que permitam a pessoas autistas colaborar e socializar, sob seus termos
  5. Reconhecimento da comunidade autistas como um grupo minoritário

Na ausência de descrição neurológica e genética abrangente — o que pode permanecer, para sempre, inalcançável –, a melhor forma de descrever os modos autistas de ser se encontra na experiência vivida, em primeira mão, da cognição autista e das motivações autistas. 

A definição a seguir sobre os modos autistas de ser reflete esforço coletivo da comunidade autista. O foco em experiências comuns de primeira mão conduz a descrições relativamente compactas que podem facilmente ser validadas por leitores autistas, o que também evita perdas em listas infindáveis de comportamentos externos observáveis. Listas com critérios de diagnósticos externos oferecem muito pouca clareza sobre as experiências sensoriais autistas subjacentes e as motivações autistas. 

O propósito de desenvolver conjuntamente uma definição comunal:

  1. Entendimento completo da relevância das perspectivas de primeira mão e dos estados internos e das necessidades das pessoas autistas, com o oferecimento de explicações úteis a pessoas que consideram serem autistas
  2. Permissão para que pessoas descubram sua identidade autista em ambiente seguro, ot io qual as capaz de introduzi-las junto a pares autistas, ao invés das projeções negativas de pessoas não-autistas
  3. Habilitar a comunidade autista a contestar a pseudociência behaviorista que contém amplas asserções inválidas sobre estados internos e metas de vida das pessoas autistas, e a educar o público sobre os mitos que obstaculizam abordagem genuína da neurodiversidade

A presente versão da definição foi extraída do chamamento à ação, que, por sua vez, reflete observações feitas por inúmeras pessoas autistas de todas as partes do planeta em conversas online sobre os fundamentos da experiência autista vivida.

Um teste para a identificação dos modos autistas de ser, de autistas para autistas

Ao invés de um diagnóstico, o teste a seguir pretende apresentar resultados confiáveis. Ele não custa muito; apenas leva algum tempo para concluí-lo. Para qualquer um que se identifique com a descrição comunal dos modos autistas de ser abaixo, o tempo investido pode ter valor inimaginável:
Se você considera a possibilidade de ser autista, dedique tempo junto a pessoas autistas, online e offline. Se você perceber que você se relaciona melhor com essas pessoas do que com outras, se elas fazem você se sentir seguro e se elas lhe trazem segurança, você chegou.

O que são modos autistas de ser?

Versão 1.02 (28 de dezembro de 2021)

Versão atualizada da versão anterior (de 2019), baseada nesta discussão. Seus aportes e comentários são bem-vindos.

Todas as pessoas autistas vivenciam o mundo social humano significativamente diferente de indivíduos neurotípicos. A diferença na cognição social autista é melhor descrita pelo nível elevado do processamento consciente de sinais de informações brutas que emergem do ambiente e pela ausência ou redução significativa nos níveis de filtro inconsciente das informações sociais.

Crianças autistas costumam demorar mais tempo para aprender a decodificar sinais não-verbais do mundo social, em particular sinais relacionados a conceitos culturais abstratos referentes à negociação que envolve o status social.

Muitos autistas são também hiper ou hiposensíveis a certos elementos sensoriais que se originam no ambiente. Isso tende a prejudicar comunicação social, por conta do ambiente com ruídos e distração. Com relação à sensibilidade sensorial autista, percebem-se diferenças entre os autistas. Alguns podem-se incomodar e terem prejuízos por ampla gama de diferentes estímulos, enquanto outros podem ser impactados por apenas alguns estímulos específicos.

A particularidade cognitive e única da ótica austista resulta em padrões de uso únicos individualmente do cérebro humano, e frequentemente em níveis únicos de habilidade e criatividade dentro do campos específicos de interesse e da inérica e perseverança autista.

A inércia autista é semelhante à inércia de Newton, pelo fato de que não apenas pessoas autistas têm dificuldades para iniciar atividades, mas também elas têm dificuldades em interrompê-las. A inércia pode possibilitar autistas hiperfoco por longos períodos de tempo, mas também manifesta sensação de paralisia e severa perda de energia quanto há necessidade de substituir uma tarefa por outra.

A inércia autista é semelhante à inércia de Newton, pelo fato de que não apenas pessoas autistas têm dificuldades para iniciar atividades, mas também elas têm dificuldades em interrompê-las. A inércia pode possibilitar autistas hiperfoco por longos períodos de tempo, mas também manifesta sensação de paralisia e severa perda de energia quanto há necessidade de substituir uma tarefa por outra.

A neurologia autista delineia a experiência humana do mundo por múltiplas dimensões sociais, dentro das quais se incluem motivações sociais, interações sociais, a maneira por meio da qual se desenvolve a confiança e a forma por que se fazem amigos.

A experiência autista envolve os seguintes conjuntos de artefatos culturais

  • Linguagem(ns), incluindo várias formas idiossincráticas de comunicação, mas amplamente excludentes de um entendimento e apreço por estatutos culturais simbólicos e abstratos
  • Regras escritas para interação, em particular na relação com o mundo físico e biológico, mas amplamente ignorando as regras de estatutos simbólicos
  • Ferramentas de todos os tipos, sobretudo aquelas que se relacionam com áreas pessoais de habilidades profundas
  • Conhecimento relacionado na construção e uso de ferramentas, com frequência em nível inusualmente profundo.

Motivações sociais autistas

  • Aceitação – conhecimento de que é um ser humano com necessidade humanas básicas, em particular o amor, o acesso à alimentação e abrigo, a autonomia sobre sua mente e corpo, assim como necessidades únicas
  • Verdade – como parece pela ótica de nosso atual nível de entendimento científico humano
  • Reconhecimento – atribuição de agência criativa

As motivações sociais autistas são intrínsecas e navegam em tensões entre assistência mútua e a aquisição de novos níveis de conhecimento e entendimento, incluindo o acesso a objetos específicos de estudo e qualquer ferramenta exigida.

Em resumo, a maioria das pessoas autistas são incapazes de manter agendas secretas sem incorrerem em alto custo em termos de saúde mental e física, o que as torna vulneráveis à exploração em ambientes sociais competitivos.

Interações sociais autistas

A colaboração autista envolve o compartilhamento de conhecimento e trabalho em prol de objetivos comuns para a geração de novos níveis de conhecimento e entendimento.  Aqueles que se identificam como autistas operam em uma bússula moral interna que deposita pouco ou nenhum valor em estatutos sociais e regras culturais correlatas. The moral compass mediates the tension between the desire to assist others vs the desire learn about the world.

  • These inclinations are reflected in the cultural transmission of new discoveries from children to parents
  • Education of parents by the children focuses on teaching about the focus and boundaries of individual areas of interest
  • Sharing of knowledge and asking probing questions is seen as a natural human behaviour
  • Adolescence is a period of intensive knowledge acquisition, where individual areas of interests are explored in great depth, and where in the absence of Autistic peers with compatible interests new knowledge is often shared with parents

A maneira autista de desenvolver confiança

É baseada em experiências de competências específicas e centradas. Pessoas autistas:

  • (quando jovens) assumem que todos falam a verdade;
  • (quando mais velhos) podem se tornar muito cínicos;
  • podem ser enganados por pessoas que pareçam lógicas mas que não têm escrúpulos em plantar evidências;
  • são lentos em aprenderem o significado cultural de caminhos sociais e não podem confiar em leituras sobre caminhos sociais em ambiente sensorial carregado.

Este artigo sobre a colaboração autista e o NeurodiVenture operating model fornecem detalhes adicionais sobre os modos pelos quais pessoas autistas desenvolvem relacionamentos confiáveis.

Maneira autista comum de fazer amigos

Para construir relacionamentos confiáveis e amizades, pessoas autistas adotam abordagem explicitamente orientada a objetivos:

  1. Procura por pessoas com interesses comuns, em geral online
  2. Confirmam área de interesse compartilhado
  3. Começam por se divertirem em compartilhar, abertamente, conhecimento, experiências pessoais e brechas de conhecimento e perguntas
  4. Exploram o que podem ser obtidos com capacidades conjuntas e habilidades
  5. Embarcam em projetos conjuntos significativos (exemplos) para terem mais diversão

Gerenciamento de energia social

Em todos os contextos em que se inserem, com um ou mais membros do grupo identitário das pessoas neurotípicas, pessoas autistas serão identificadas por seu padrão de comportamento atípico e pelo nível de exaustão que sofrem por se esforçarem em se integrar no contexto social local.

Quando pessoas autistas se esforçam em integrar-se (pelo mascaramento), fazem-no para evitar que sofram com as consequências da não-conformidade – e não para ganharem ou manterem seu status social.

Pessoas autistas são as mais produtivas quando elas têm permissão para se auto-organizarem em grupos com clara maioria autista/neurodivergente, de tal forma que as interações com grupos típicos se limitam à troca mútua de conhecimento e de ferramentas, em consonância com o propósito acordado pelo grupo, e de tal forma que das pessoas autistas não se espera que se conformem continuamente com as expectativas sociais da cultura ao redor.

Esta definição é um projeto autista comunitário

Leitores autistas são encorajados a cotejar essa definição com suas próprias experiências e apontar quaisquer aspectos que

  • não pareçam familiares e que, portanto, possam talvez não serem considerados parte central dos modos autistas de ser ou
  • que pareçam estar pendentes de definição, mas se refiram a experiências vividas pela maioria das pessoas autistas e, portanto, mereçam ser acrescentadas à definição.

Você está convidado a apresentar comentários e sugestões específicas de melhoramento, conforme indicado abaixo. Essa definição pode também ser cotejada com número crescente de experiências individuais coletadas e publicadas como parte do projeto Mosaico da ótica autista. Por favor, participle desse importante projeto.  

Seria fantástico se o projeto Mosaico da ótica autista pudesse, com o tempo, conduzir a acervo de centenas (e, possivelmente, muito mais) de óticas autistas. O projeto Mosaico da ótica autista tem o potencial para estabelecer fonte rica de informações valiosas para a comunidade autista, em particular para os jovens que estão em processo de descoberta de seus rumos junto à comunidade autista adulta.

Sugestões para melhoramento

Por favor utilize o seguinte formulário para apresentar sugestões específicas para substituiçãoadição ou eliminação de segmentos do texto relativos à definição comunal do autismo. Se você desejar discutir ideias para melhoramento, mas não possui ainda as palavras específicas em mente, por favor nos envie seu e-mail para que possamos dialogar, permitindo que todos cheguemos a uma sugestão concreta para melhoramento.

All suggestions received will be posted for review and endorsement by the Autistic Community on the AutCollab Discord server, which is our tool for coordinating all Autistic Collaboration projects and related activities, which you are invited to join.

Portuguese (Brazilian) translation

Diego Kullmann

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